A Comida
Talvez o mais importante na criação de um cão é a alimentação que recebe (isso lado a lado com o amor e carinho, é claro). A escolha do alimento significará a diferença entre um cão ativo e saudável e outro gordo ou doente.
A primeira coisa que quero deixar claro aqui é: nunca dê ao seu cão açúcar, nem alimentos que possuam açúcar em seus ingredientes. O açúcar causa cáries, diminui a capacidade de defesa do organismo contra doenças, provoca diarreia e vai matando o cão aos poucos.
No entanto existem vários tipos de alimentos que podemos dar a nossos cães: ração, latas e alternativos e comida fresca.
Ração
Dessas opções a ração é a mais prática. Uma ração de qualidade dará a seu cão todos os nutrientes de que ele precisa e o manterá saudável e feliz. Além disso, é fácil de ser "preparada" e econômica.
Para preparar a ração basta mistura-la com água por alguns minutos, jogar o excesso de água fora e servir a ração. Essa prática fará com que seu cão coma melhor e impede uma doença chamada torção gástrica. Essa doença se dá quando ele come grandes quantias de ração e depois bebe água, tendo seu estômago inchado demais pelo resultado. Observe como a ração incha quando misturada com água.
Deixe seu cão livre para comer apenas por um período de tempo (talvez uns 30 minutos) e retire o que sobrar.
Eu costumo dar a comida duas vezes por dia, por ser mais saudável do que uma vez só por dia. No entanto, se você assim desejar basta você dar um pequeno café da manhã (alguns biscoitos caninos manteriam os dentes limpos e alimentaria para o resto do dia) e a janta.
Na escolha da ração, a primeira coisa que devemos ter em mente é a qualidade dela. De um modo feral, qualquer ração bem balanceada, de qualidade, serve.
Verifique na embalagem da ração o nível de proteína, que deve estar entre 22% e 26% para adultos e entre 24 e 28% para filhotes.
Rações de excelente qualidade com níveis de proteínas mais altos podem ser encontrados, mas não recomendo tais rações porque alguns Shar-Peis possuem uma deficiência que os impede de processar proteínas (amiloidoses).
As rações com um menor índice de proteínas geralmente são de pior qualidade. Há casos registrados de rações que incluíam serragem em sua "fórmula" para baratear o custo. Por isso busque uma marca confiável, mesmo que não seja a melhor do mundo.
Finalmente verifique nos ingredientes a ordem dos componentes. Primeiramente deverá vir algum tipo de carne. Essa carne deve ser de boa qualidade. Muitos Shar-Peis tem alergia a soja, por isso tente comprar uma marca que não possua soja em sua fórmula. Enfim, compare os componentes entre as diversas rações no mercado e use seu bom senso. Lembre-se de que os ingredientes devem estar listados em ordem de "importância", ou seja, o que está em primeiro é o principal ingrediente, e assim por diante.
Latas e alternativos
A ração em lata, bisnagas ou alternativos são populares por terem um excelente gosto. No entanto geralmente não são bem balanceadas e, por não serem duras, podem resultar no acúmulo de algum tártaro nos dentes.
Escolha sua comida enlatada (ou de qualquer outra forma) da mesma maneira que escolheria a ração. Veja o nível de proteína e os ingredientes. Olhe a marca e certifique-se de que é um bom produto.
O melhor a se fazer, no entanto, é misturar uma pequena quantia de ração a esses produtos. Dessa forma você agrada ao cão (pois esses produtos tem gosto e cheiro formidáveis) e o alimenta bem.
Comida fresca
Nesse caso temos duas alternativas aqui, a de servimos os restos de nossa mesa, ou a de cozinharmos exclusivamente para ele.
A primeira opção é péssima, pois a comida humana é muito temperada e mal balanceada para um cão. Dar restos de comida para seu cão, mesmo que seja apenas um pedacinho, irá mata-lo lentamente.
A segunda opção é dispendiosa e trabalhosa, mas excelente. No entanto tenha em mente que quando digo cozinhar para o cão, quero dizer que toda a comida deverá ser voltada para ele, e somente para ele.
Um bom livro deverá ser comprado. Terá de ser especializado no assunto e ter receitas, de tal modo que todo o dia alguém deverá estar disposto a preparar toda a comida.
Não se pode simplesmente "cozinhar com menos tempero" ou "dar uma porçãozinha disso ou daquilo". Tal procedimento seria o equivalente a envenená-lo aos poucos. O arroz animal não é aquele que nós comemos, as carnes também não. Legumes e verduras teriam que acompanhar o prato, e selecionados de tal forma a balancear os nutrientes de que o cão necessita. Enfim, esse procedimento é tão complicado e dispendioso que sinceramente não conheço ninguém que o adote, mesmo conhecendo amigos que já tentaram.
Infelizmente não tenho nenhum livro para indicar, nem nenhuma receita. Nunca adotei essa prática, e recomendo que ninguém a siga.
Iscas
Iscas, quando bem usadas, podem facilitar o treinamento, ou abrir o apetite do cão, sem desbalancear sua ração.
Você poderá, por exemplo, colocar um pouco na comida para dar cheiro, ou usar como recompensa em treinamentos. De qualquer forma apenas tenha em mente de que apenas um pouco por dia é mais do que o suficiente. Nunca passe de uma parte de isca para cinco de ração, ou você já estará desbalanceando sua comida.
Eu preparo minhas iscas da seguinte forma: corto fígado bovino em finas tiras e coloco para assar até que elas fiquem duras e pretas (queimadas). Eles adoram. Podemos partir pedacinhos, como um biscoito, e dar aos pouquinhos.
Uma outra forma de isca seria coração bovino, feito como se fosse um churrasco (apenas um pouquinho de sal grosso, ou nenhum, assado numa churrasqueira).
Finalmente existem iscas a venda em pet shops.
A quantidade
A humanidade nunca esteve tão consciente dos perigos da obesidade antes. O mesmo vale para os cães. Cães gordos ou magros demais são infelizes e doentes.
No começo dê toda a comida que seu cão quiser. Isso vale principalmente se você der ração pura. Observe se sobra ou falta, a ajuste as quantidades pelo que seu cão quiser.
A grande maioria dos Shar-Peis não comerá demais, nem de menos. No entanto você deverá ficar de olho e, se ele estiver gordo, diminuir a quantia de comida. Se ele estiver magro você poderá misturar algo cheiroso na comida (como iscas ou latinhas) para que ele coma mais.
A melhor maneira de se saber se um Shar-Pei está gordo ou magro segue abaixo. Essa técnica funciona para quase todas as raças, mas tenha em mente que ela não é universal.
Para saber se seu cão está com o peso certo observe suas costelas quando ele anda. Elas não devem aparecer. Se aparecerem indica que o cão está magro. Se elas estiverem muito a vista isso indica que seu cão está subnutrido.
Agora passe a mão pelas costelas. Você deverá senti-las todas. Se você tiver dificuldade em senti-las isso significa que seu cão está um pouco gordo. Se você não conseguir senti-las isso indica que seu cão está obeso.
Suplementos alimentares
Muitas pessoas acham que suplementos de vitaminas e minerais fará com que o cão viva mais e melhor. Isso não é a verdade. De um modo geral sou contra tais práticas, a não ser quando em algumas situações especiais.
A primeira delas é quando um veterinário recomenda um suplemento específico para algum problema.
Outra situação em que suplementos alimentares seriam precisos seria quando o cão é forçado a um regime por estar obeso. Nesse caso você poderia dar um suplemento para suprir o que faltar em sua alimentação.
Costumo dar a meus cães um suplemento de óleo com várias vitaminas e minerais quando meus cães estão com problemas de pele (pelo falho). Nesse caso dou enquanto o problema persistir, e se o cão apresentar diarreia para imediatamente. Para esse caso recomendo Allerdog.
Finalmente, o único suplemento que gosto de usar incondicionalmente é o de vitamina C em filhotes. Começo quando os filhotes estão com dois meses de idade, dando cerca de 100 mg de vitamina C. Depois vou aumentando a dosagem gradualmente (cerca de 100 mg por mês) para o máximo de 500 mg. Quando o cão completar 8 meses de idade suspendo a vitamina C completamente.
Há uma controvérsia entre os veterinários a respeito da necessidade dessa vitamina. Muito dirão que o cão é capaz de produzir sua própria vitamina C, mas as vezes em que usei tal procedimento não me arrependi.
De qualquer forma, ao dar vitamina C, diminua a dosagem imediatamente se ele apresentar início de diarreia, pois isso significaria que há um excesso de vitamina em seu corpo, o que poderia ser prejudicial à sua saúde.
Ossos
Todo o filhote possui uma grande necessidade de mastigar o que estiver na frente: móveis, tapetes, sofás, cadeiras, grades ou ossos para cães. Cabe a você escolher o que seria melhor.
Além de evitar que o cão mastigue sua mobília, os ossos são essenciais para a limpeza dos dentes, assim como os biscoitos para cães. Existem várias foras desses ossos, naturais ou não.
Dentre eles, os únicos que você nunca poderá dar, de forma alguma, são ossos que podem ser quebrados (galinha, peixe, aves em geral…). Esses ossos representam um grande perigo, pois podem perfurar o intestino do cão e mata-lo em poucos minutos.
Grandes ossos, como fêmur de boi, podem ser dados. Você poderá preparar um (cozinhando e assando até tirar qualquer vestígio de carne) ou comprar um em pet shops. No entanto esses ossos tendem a desgastar os dentes do cão ao longo dos anos. Por isso, nunca deixe esse tipo de osso a disposição do cão o tempo todo.
Outro tipo de osso, muito popular, é o feito com couro. Esse tipo de osso é gostoso e barato, mas os cães conseguem come-lo muito rapidamente, fazendo com que ele não seja econômico.
Além disso, pesquisas comprovaram que pedaços desse couro podem ser alojados no intestino ou na garganta, podendo até mesmo matar em raros casos. Não estou dizendo com isso que você não deve dar esse tipo de osso. Eles são bons. O que quero dizer é que o excesso poderá ser prejudicial ao seu cão.
Finalmente existem os ossos preparados com nylon, ou uma mistura de osso moído com nylon. Esses ossos são econômicos, duráveis, baratos e perfeitos. Muito embora eles também desgastem, eles dura muito mais do que o osso comum. Por ser feito de nylon, um material mais macio que o osso, não há aquele desgaste excessivo nos dentes. Para completar o nylon não é digerido, portanto não representa perigo de intoxicação, nem desbalanceada a dieta do cão.